Histórico do processo de avaliação na UFSCar

1. Momentos de Avaliação da UFSCar

No projeto de avaliação da CPA anterior (2005) foi apresentada uma retrospectiva dos principais momentos de avaliação da UFSCar que aqui é retomada em suas linhas gerais.

A partir de outubro de 1978, com a implantação do Conselho de Ensino e Pesquisa e Câmaras que o compunham, começam a surgir análises mais sistematizadas sobre as atividades acadêmicas, com maior ênfase às atividades de Ensino de Graduação.

Três medidas de caráter geral marcaram a atuação desse colegiado nesse período: a implantação do Regimento da Coordenação de Curso de Graduação (ATO nº 001/81-SOC, de 15/01/81), a redução do número de créditos obrigatórios dos cursos e a constituição de uma comissão para analisar os currículos dos cursos de graduação.

Ainda nesse período, como trabalhos ou dissertações de mestrado de docentes ou grupos de docentes, foram realizadas avaliações tanto no âmbito dos cursos como das disciplinas. Os cursos de Enfermagem, Engenharia de Materiais, Engenharia de Produção e Química foram os que mais se envolveram nessas avaliações. Ao final da década, a Câmara de Graduação tinha uma proposta para avaliação institucional dos cursos, que não chegou a ser posta em prática.

No que se refere ao ensino da graduação, a partir de 1988, foi possível ampliar as ações institucionalmente coordenadas na tentativa de fortalecê-lo e dinamizá-lo, bem como de melhorar as condições infraestruturais (biblioteca, salas de aula, laboratórios etc.) e outras de naturezas diversas (alimentação, transporte, moradia). Várias experiências de avaliação foram realizadas ao longo dos anos, culminando com uma mais ampla feita no âmbito do Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras (PAIUB).

Em 1994, a Universidade Federal de São Carlos iniciou essa avaliação institucional (PAIUB), com financiamento da Secretaria do Ensino Superior do Ministério da Educação e do Desporto (SESu/MEC), começando pelo Ensino de Graduação. A partir de 1996, o projeto passou a incluir as demais atividades acadêmicas.

A concepção de avaliação adotada foi a de “avaliação emancipatória”, numa perspectiva de “(a) firmar valores”. Tal concepção permitiu a descrição, a análise e a crítica da realidade, num primeiro momento, do ensino de graduação, buscando a sua transformação. Ela possibilitou às pessoas, direta ou indiretamente envolvidas com esse nível de ensino, no decorrer de todo o processo, o escrever a sua “própria história” e o gerar as suas “próprias alternativas”.

O processo de avaliação institucional do ensino de graduação tomou como objeto preferencial de estudo os seus diferentes cursos. A comunidade universitária entendeu que estes se constituem em unidades responsáveis por um ensino vinculado à pesquisa e extensão e que necessariamente a sua avaliação contemplaria aspectos das várias atividades da Universidade.

Para o cumprimento dos objetivos propostos foram realizadas discussões com as unidades acadêmicas e administrativas, segmentos da comunidade universitária, especialistas externos e internos. O envolvimento da comunidade, direta ou indiretamente relacionada com o ensino de graduação, não foi homogêneo; alguns julgaram o processo relevante e outros não; as contribuições a ele foram também bastante diferenciadas; em grande parte dos cursos, os alunos e, em especial, os egressos foram responsáveis pela maior riqueza nas contribuições.

Cabe destacar alguns importantes avanços ocorridos na etapa de incorporação dos resultados do processo avaliativo à inovação dos currículos dos cursos. O primeiro avanço consistiu na criação de diretrizes e orientações institucionais para elaboração dos Projetos Pedagógicos dos Cursos de Graduação da UFSCar no âmbito da Câmara de Graduação e sua posterior aprovação pelo Conselho de Ensino e Pesquisa. O envolvimento de alguns cursos no processo de inovação, de acordo com tais diretrizes e incorporando os resultados das avaliações interna e externa, é outro resultado já ressaltado. Além disso, a discussão dessas diretrizes internas ofereceu, a vários docentes, subsídios para o seu envolvimento nas discussões sobre o estabelecimento das diretrizes curriculares nacionais para seus respectivos cursos.

Outro avanço que merece destaque foi o estabelecimento do perfil geral dos profissionais a serem formados pela UFSCar, além da elaboração dos relatórios finais de autoavaliação dos cursos de graduação participantes do processo.

É interessante, entretanto, destacar a existência de dificuldades neste processo, particularmente fazer menção à resistência à incorporação de algumas importantes sugestões apresentadas no processo avaliativo, por dificuldades em realizá-las ou pela consciência de que as reformulações exigem muito tempo ou, ainda, pelo fato de os cursos da Universidade serem, em geral, bem posicionados nos “rankings” elaborados por diferentes publicações ou bem avaliados em suas condições de oferta pelo Ministério da Educação.

Apesar dessas dificuldades, a quase totalidade dos cursos de graduação da Universidade já elaborou ou reelaborou seus projetos pedagógicos e outros estão em processo de reelaboração

No que se refere ao ensino de pós-graduação e à pesquisa, a CAPES, desde 1976, tem desenvolvido sistema de avaliação dos cursos e programas de pós-graduação, incluindo a quantificação da produção científica dos professores/pesquisadores ligados a eles. Mais recentemente, a pesquisa ganhou maior visibilidade com o cadastramento dos grupos de pesquisa pelo CNPq.

Quanto à extensão, desde a criação da Pró-Reitoria de Extensão, a UFSCar buscou implementar uma política de fortalecimento, intensificação e institucionalização das atividades de extensão. Neste processo a avaliação das atividades de extensão tem desempenhado um papel fundamental.

A Pró-Reitoria de Extensão e a antiga CaEx (Câmara de Extensão) realizaram uma primeira avaliação dos Programas de Extensão relativa ao período de 1999 a 2002. Esta primeira avaliação consta do Relatório de 2006 da Comissão Própria de Avaliação da UFSCar.

A ProEx finalizou, em 2008, a avaliação relativa ao período de 2003 - 2006. O relatório de avaliação de Programas 2003-2006 foi aprovado pelo CoEx (Conselho de Extensão) no início de 2009. Uma síntese desta avaliação consta do Relatório de 2008 da Comissão Própria de Avaliação da UFSCar.

Na análise empreendida nas duas avaliações foram valorizados, tanto pelos pareceristas, pela Comissão Assessora como pela ProEx , os ganhos acadêmicos para a área específica de ensino e pesquisa dos docentes envolvidos – participação em reuniões científicas, projetos financiados por agências de fomento como FAPESP, CNPq, FINEP e outras –, o envolvimento de alunos de graduação e pós-graduação e a produção científica, não apenas as estritamente vinculadas às atividades de extensão realizadas no período, como também aquelas afins à temática do Programa.

2. Autoavaliação da UFSCar (2006 e 2008) e a Avaliação Externa (2009)

A UFSCar designou a Comissão Própria de Avaliação (CPA) em 2004, como prevista no SINAES. A designação da CPA e a formulação de um projeto de avaliação institucional interna, que atendesse aos enunciados do SINAES, foram coincidentes com a necessidade de monitoramento do processo de implantação do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI - UFSCar) construído por diferentes grupos para delinear a feição institucional que se desejava ter. Nesse sentido, a própria construção do PDI serviu de experiência para sensibilizar a comunidade acadêmica para a participação no processo avaliativo e para o novo formato de avaliação.

A opção da CPA constituída na época foi a de evitar que as oportunidades criadas pelo clima vivido na experiência de produção do PDI fossem despotencializadas pela execução de um plano de avaliação que desconsiderasse nosso contexto político e acadêmico.

Tanto no trabalho que culminou no relatório de 2006, quanto no de 2008, compilaram-se dados que ajudassem a compor a visão do cenário educacional da Universidade, para que o diagnóstico de suas forças e fragilidades subsidiasse o processo decisório subseqüente, orientado pelas evidências explicitadas pela avaliação.

Após a confecção de seu primeiro relatório referente ao período 2004-2006, no qual, entendendo aquele momento não exclusivamente como de sistematização final de um processo avaliativo, mas fundamentalmente como o início do processo de construção de uma cultura de avaliação permanente na instituição, nem todos os aspectos que poderiam ser avaliados foram objeto daquela primeira etapa. Entendendo ser aquela etapa uma continuidade do processo desencadeado pela elaboração do PDI, procurou-se organizar o processo de avaliação a partir dos mesmos elementos priorizados na etapa anterior. Nesta perspectiva, foram priorizadas as atividades fins da Universidade, ou seja, seu ensino, sua pesquisa e suas atividades de extensão. Quanto aos aspectos administrativos, foi analisada a Política de Informação, ainda em fase de consolidação e, apresentados de maneira bastante sucinta, alguns elementos básicos referentes à política ambiental e à infraestrutura.

No relatório de 2008, foram compilados dados do período de 2004-2008, pois se entendeu que este período permitiria visualizar as ações realizadas em relação ao previsto no PDI, aprovado em junho de 2004. Foram utilizadas as fontes institucionais disponíveis como Relatório de Gestão 2004-2008, relatórios anuais de atividades da UFSCar e das várias pró-reitorias, catálogos de Programas de Extensão, de Atividades Curriculares de Integração entre Ensino, Pesquisa e Extensão e de projetos de extensão, relatórios de avaliação de programas de extensão e de outras atividades, e Censos. Estes dados foram utilizados sem fazer referência explícita a suas fontes por se tratar de material da própria instituição.

No relatório de 2008, os dados foram organizados nas dez dimensões do SINAES, com informações quanti-qualitativas baseadas nas fontes acima citadas. Na dimensão 8 - autoavaliação institucional -, descreveu-se o processo de avaliação dos cursos de licenciatura da UFSCar, foco principal do relatório de avaliação interna de 2008.

Dentre os aspectos avaliados no relatório anterior (2006), identificou-se uma política mais incisiva da Pró-Reitoria de Graduação no aprimoramento dos processos de ensino e aprendizagem desenvolvidos nos cursos da instituição, a partir da reativação da Coordenação de Desenvolvimento Pedagógico e implantação, em agosto de 2006, de um Plano de Ação Pedagógica desenvolvido em parceria com as coordenações de Curso, diretorias de Centro e chefias de Departamento. Algumas ações já haviam sido realizadas, tais como, o 1º Seminário de Inovações Pedagógicas, que contou com a participação de quase 60% dos docentes da Instituição (333 docentes) e já havia previsão de realização no 2º semestre daquele ano, de um processo de formação continuada de coordenadores de curso e membros de conselhos de coordenação.

Diante deste quadro, o ensino de graduação apareceu como um importante aspecto a ser priorizado pelo processo de avaliação no período 2006/2008, entretanto, focar todos os cursos envolveria recursos humanos e financeiros muito além das possibilidades da comissão. Aproveitando a oportunidade colocada pelo lançamento do edital do PRODOCÊNCIA, optou-se por focar, naquele momento, o processo de avaliação nos cursos de licenciatura da UFSCar.

Assim, o projeto desenvolvido pela CPA propôs realizar um processo coletivo de avaliação com a perspectiva de verificar de que maneira o conjunto de princípios estabelecidos e ações realizadas, a partir da aprovação do PDI, vinham efetivamente se concretizado no dia a dia dos cursos de licenciatura e localizar elementos que possibilitassem um aprimoramento da gestão e implantação dos novos Projetos Pedagógicos das Licenciaturas.

O projeto teve como meta atingir o conjunto dos 1.734 estudantes que na ocasião cursavam a licenciatura na UFSCar e um universo em torno de 200 docentes envolvidos no processo formativo dos futuros professores.

A Comissão Própria de Avaliação da UFSCar (CPA/UFSCar) tem procurado, desde a sua instalação, realizar seu trabalho sempre a partir dos princípios e diretrizes definidos pela instituição no seu Plano de Desenvolvimento Institucional. Procurou-se, então, não tornar o processo de avaliação institucional como um elemento estranho à instituição, mas parte de um processo já iniciado em 2002 com a elaboração do PDI, de construção da UFSCar que queremos. Desta forma, para além de realizar um acompanhamento das ações realizadas pela instituição, buscou-se sempre analisá-las a partir dos princípios presentes no PDI, construindo uma dinâmica de avaliação que possibilite à comunidade uma postura mais ativa frente ao processo.

Construir uma prática de avaliação entendida como efetivo instrumento de gestão da instituição requer, a partir das experiências já vivenciadas pela UFSCar, construir processos coletivos que coloquem nosso olhar não apenas nos projetos institucionais estabelecidos, mas igualmente nos processos vivenciados no dia a dia do fazer acadêmico. Para isso é fundamental, para além da realização de avaliações, a sedimentação de metodologias que venham a ser incorporadas no nosso desenvolvimento como instituição universitária.

A avaliação externa ocorreu em maio de 2009. Recebemos os avaliadores Olívia Maria Cordeiro de Oliveira – UFBA - (presidente da Comissão), Celso Antonio Fávero- UNEB - e Orlando Bonifacio Martins – UFRJ -, nos dias 20 a 23/05/2009.

Na visita, os avaliadores consultaram vários documentos oficiais da UFSCar, mas consideraram em especial o PDI (2005) - PDI apresentado no sistema e-MEC referente ao período de 5 anos, condizente com a estrutura determinada pelo art. 16 do Decreto n.º 5.773/2006 - , o relatório da CPA (2008) e o formulário eletrônico com dados institucionais da UFSCar preenchido pelo pesquisador institucional. Este formulário contempla as dez dimensões estabelecidas pelo SINAES. Os avaliadores percorreram algumas dependências do campus São Carlos e fizeram reuniões com a administração, docentes, discentes, técnico-administrativos e membros da CPA.

No parecer de avaliação da Comissão Externa foram feitas considerações para cada uma das dez dimensões com muitas observações positivas em todas elas. Algumas críticas foram apontadas e se referem a: constituição da CPA por uma maioria de docentes ao final dos trabalhos (os alunos estavam formados e os técnico-administrativos tinham se desligado); divulgação insatisfatória, entre o corpo social da IES, do processo de autoavaliação promovido pela CPA; não implantação da Ouvidoria; existência de condições institucionais para os técnico-administrativos (TAs) apenas compatíveis com o referencial mínimo de qualidade; limitação dos espaços de convivência frente ao crescente número de alunos ingressantes; acompanhamento insuficiente de egressos.

No parecer final a Comissão Externa afirma que a UFSCar apresenta um perfil BOM, considerado além do que expressa o referencial mínimo de qualidade.